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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

LISTA DE ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO - 3º ano GRAMATICA e LITERATURA


OBSERVAÇÕES:
  • Faça as 20 QUESTÕES em folha de papel OFICIO ou ALMAÇO, com caneta AZUL ou PRETA, escrito a mão, copiando PERGUNTAS e RESPOSTAS.
  • Identifique seu trabalho com NOME, NUMERO, SÉRIE, TURMA.
  • A DATA DE ENTREGA é 25/03/2013, SEGUNDA-FEIRA, diretamente ao PROFESSOR da sua turma (Dênia e Sandra)


O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria:
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
Ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
1ª QUESTÃO
No texto 1, o eu lírico aponta várias formas de identificação.
a) Por quê?
b) Destaque os dois versos que indicam que não adianta tentar dar outros atributos acerca de si próprio.
c) Explique a expressão destacada em “morrendo de morte igual / mesma morte severina”




2ª QUESTÃO
Em determinado trecho do texto, há uma visão metafórica do espaço físico, evidenciando características dos nordestinos. Indique os versos em que essa transposição de atributos está explícita.


3ª QUESTÃO
Sim, o melhor é apressar
o fim desta ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se fina

Sabendo-se que o Recife é onde a viagem “se fina”, trace a trajetória do retirante e o que ele encontrou pela frente no ambiente físico.


4ª QUESTÃO
Explique o significado de “a linha do rio enfia” e “o rio some”.


5ª QUESTÃO
Complete as frases com as preposições adequadas, contraindo-as
quando for necessário.
a. O salão nobre da mansão é destinado (/) grandes recepções.
b. As visitas (/) prédios antigos e (/) casas coloniais são
acompanhadas por guias especializados.
c. Serão abertas (/) público as farmácias homeopáticas tão esperadas
(/) população.
d. A presença (/) crianças (/) grupos escolares é comum no Instituto
Butantã.
e. Poucos se preocuparam com a ampliação (/) atividades culturais.
f. Os alunos empolgaram-se com a discussão (/) temas abolicionistas.
g. O objetivo das pesquisas é relacionar o aumento (/) desidratação
(/) crescimento da miséria brasileira.
h. Uma das coisas que mais respeito (/) alguém é a sua coerência, o
fato (/) fazer na vida tudo que é compatível (/) suas ideias.
i. A maioria das crianças brasileiras é propensa (/) doenças
infecciosas.
j. Aquela senhora foi atenciosa (/) as visitas.
k. Qualquer sistema democrático é preferível (/) autoritarismo.
l. Os temas (/) livro eram filosóficos.
m. Não estávamos aptos (/) exercer o cargo.
n. Estávamos ansiosos (/) chegada do Natal.
o. Este é o preço estabelecido (/) a passagem de ônibus.
p. A descrição das florestas e igarapés era feita (/) beleza e poesia.


6ª QUESTÃO
Identifique as frases em que ocorre regência nominal inadequada e
corrija-as.
a. Ele, deitado na cama, estava alheio a tudo; mesmo assim
abracei-o.
b. Apesar de toda a comemoração em sua homenagem, ainda era
necessária a confirmação de sua presença.
c. Aquela área de terra pertencia-lhe havia muito tempo e isso era o
bastante para não colocarem dúvidas sobre o seu direito de
propriedade.
d. Aquele homem, embora já tivesse perdido muito dinheiro, era
constante do vício de jogar.
e. O prejuízo causado pelo incêndio de ontem à noite foi análogo
ao do ano passado.
f. Às vezes é preferível ficar em casa do que viajar.
g. A sua falta na prova foi justificada.
h. Álvares de Azevedo foi contemporâneo com a época de Junqueira
Freire e Fagundes Varela.

7ª QUESTÃO
Dê o significado dos verbos destacados nas frases.
a. O Exército chamou os jovens rapazes.
b. Chamavam o jogador de Cestinha.
c. Chamavam ao jogador de Cestinha.
d. Eu queria um livro de Gramática.
e. Eu quero aos meus pais.
f. As enfermeiras assistiam os doentes com dedicação.
g. Os turistas assistiram a apresentações folclóricas na Bahia.
h. Assistia ao advogado de defesa o direito à palavra.
i. O jogador visou as traves e chutou a bola certeira.
j. Tudo o que fazia era visando à tranquilidade dos pais.
k. O gerente do banco visou o cheque.
l. Na primavera, aspiramos o perfume das flores.
m. Há homens que aspiram ao poder pela força.
n. Custou aos alunos entender aquele exercício.
o. A aquisição do imóvel custou -nos muito trabalho.
p. Sua argumentação referente à falta de leite não procede.
q. Muitos problemas de saúde procedem de má alimentação.
r. O organizador da exposição procedeu à entrega das medalhas.
s. A escola atual atende às reais necessidades das crianças e dos
jovens brasileiros?
t. Com jeito, a garota acabou atendendo ao pedido do namorado.
u. O prefeito atendeu muito bem os repórteres.
v. O helicóptero precisou o local onde o avião havia caído.
w. Precisamos de tempo para recompor nossas economias.


8ª QUESTÃO
Retire os verbos destacados no exercício anterior e classifique-os de acordo com o seu significado em: intransitivo, transitivo direto,
transitivo indireto, transitivo direto e indireto.
Modelo:
a. Chamar — sentido de convocar — verbo transitivo direto
b. Chamar — sentido de denominar — verbo transitivo direto
c. Chamar — sentido de denominar — verbo transitivo indireto




9ª QUESTÃO
Complete.
Observando os diferentes significados e as diferentes regências dos verbos no exercício anterior, conclui-se que esses verbos alteram o significado conforme (/).

Reveja na parte teórica os verbos destacados abaixo. Informe suas
peculiaridades.
Modelo: Não me lembrei de desligar o ferro.
lembrar-se: pronominal — verbo transitivo indireto
Esqueci o material de Língua Portuguesa.
esquecer: não pronominal — verbo transitivo direto
a. Vera lembrou-se do aniversário de Fernando.
b. Esqueci-me de comprar papel higiênico.
c. Lembrei o nome daquela cantiga folclórica.
d. Lígia esqueceu as sandálias na praia.
e. Já pagamos todas as nossas dívidas.
f. Você já pagou ao tintureiro?
g. Eles pagam baixos salários aos boias-frias.
h. Nossos credores perdoaram nossas dívidas.
i. Há pais que não perdoam aos filhos.
j. A firma não perdoou a dívida aos credores.
k. Agradecemos os favores recebidos.
l. Já agradeceram aos vizinhos?
m. Você já agradeceu a seu pai o presente?


10ª QUESTÃO
O generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci Marcos Rey há mais de vinte anos, quando sonhava tornar-me escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era O RAPTO DO GAROTO DE OURO, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a montagem dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, eu ficara fascinado com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro mais conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por Palma, sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na época, já sofria de uma doença que lhe dificultava o movimento das mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que nem consegui dizer "boa-tarde". Gaguejei. Mas ele me tratou com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me. Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz dois anos. Muito do que sou hoje devo ao carinho com que me recebeu naquele dia.
(WALCYR CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
Justifique o uso do sinal de crase em à, no trecho destacado.

11ª QUESTÃO
Antes de começar a aula - matéria e exercícios no quadro, como muita gente entende -, o mestre sempre declamava um poema e fazia vibrar sua alma de tanta empolgação e os alunos ficavam admirados. Com a sutileza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética mesclada ao ritmo, à melodia e a própria sensibilidade artística. Um verdadeiro deleite para o espírito, uma sensação de paz, harmonia. 
(Osório, T. Meu querido professor. "Jornal Vale Paraibano", 15/10/1999.)
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência da crase no trecho "a própria sensibilidade artística"?
b) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase?


12ª QUESTÃO
Entre as formas A, AS, À, ÀS, HÁ, HÃO, FAZ, FAZEM, escolha as que completam corretamente a frase abaixo.
________ seis meses fomos ________ Bahia. Chegamos ________ cidade de Salvador sábado, ________ dezesseis horas. Domingo, dirigimo-nos ________ Itabuna, que fica ________ 454 quilômetros da capital. Nestas férias, pretendemos ir ________ Curitiba, ________ Florianópolis e ________ capital do Rio Grande do Sul.


13ª QUESTÃO
Leia atentamente o poema em evidência, e a seguir atente-se paras as questões referentes ao mesmo:

Quando saio às ruas
Sinto o que é solidão
Se paro à sombra de uma velha árvore
Fico a pensar se ainda me resta alguma ilusão.
Marina Ferreira

Em algumas expressões há o acento indicador da crase, em outras não. De acordo com os seus conhecimentos no que se refere a este fato linguístico, justifique as ocorrências. 


14ª QUESTÃO
Ao adentrar em uma empresa, Paulo deparou-se com um cartaz, no qual havia os seguintes dizeres: 
                           
  Proibido à entrada de funcionários por este local
  Dirija-se a direita e seja bem vindo!
   À Direção     

Tomando como ponto de partida os pressupostos teóricos relacionados à gramática, analise-os no intuito de detectar possíveis “desvios” quanto ao discurso apresentado. No caso de alguma ocorrência positiva, procure justificá-la.


15ª QUESTÃO
EMERGÊNCIA
                                            
Mário Quintana
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
 –
Por isso é que os poemas têm ritmo
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.




AGOSTO 1964
                                         Ferreira Gullar
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
– Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
– que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
– mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
– do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira
In: MORICONI, Italo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 117 e 267.

Com base na leitura dos poemas Emergência, de Mário Quintana, e Agosto 1964, de Ferreira Gullar, explique a concepção de poesia de cada sujeito poético e destaque, pelo menos, dois recursos linguísticos que constituem imagens poéticas de cada texto. Justifique sua escolha.


16ª QUESTÃO

(...) Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve.Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar — é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada — erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. (...)(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)


Uma das principais características da obra de Guimarães Rosa é sua linguagem artificiosamente inventada, barroca até certo ponto, mas instrumento adequado para sua narração, na qual o sertão acaba universalizado.
a) Transcreva um trecho do texto apresentado, onde esse tipo de “invenção” ocorre.
b) Transcreva um trecho em que a sintaxe utilizada por Rosa configura uma variação lingüística que contraria o registro prescrito pela língua padrão.



17ª QUESTÃO
Normalmente, na construção de um texto, é comum um pronome recuperar um elemento anterior, como em “Fome Zero, abrace essa causa!” No trecho de Guimarães Rosa, há uma situação oposta, em que o elemento recuperado aparece depois do pronome.
a) Identifique essa situação.
b) Construa uma outra frase que repita esse tipo de situação.


18ª QUESTÃO
 UAI, EU?
Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água. No engano sem desengano: o de aprender prático o desfeitio da vida.
Sorte? A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica. Ainda maiseu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso.3 Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo - de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela - prontos para qualquer aurora.4 Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou eu atrás, com a maleta dos remédios e petrechos, renquetrenque, estudante andante. Pois ele comigo proseava, me alentando, cabidamente, por norteação - a conversa manuscrita. Aquela conversa me dava muitos arredores. Ô homem! Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como dinheiro não gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras - é de "fimplus"! "de tintínibus"... - latim, o senhor sabe, aperfeiçoa... Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem. (ROSA, João Guimarães. "Tutaméia: terceiras estórias". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)


NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra 

tinha uma pedra no meio do caminho 

no meio do caminho tinha uma pedra.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Reunião". Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.)


Na estrutura tradicional de um texto narrativo, uma das atribuições do narrador é nos dar informações a respeito dos personagens.
a) O narrador onisciente é aquele que sabe tudo sobre todos os personagens e suas ações; o narrador-personagem conta a história e dela participa.Identifique o tipo de narrador do texto de Guimarães Rosa e explique, com uma ou duas frases completas, como esse tipo de narrador nos conduz a ver os personagens e a situação em que se encontram.
b) Considerando a descrição que o narrador faz do personagem, justifique, com uma frase completa, se a imagem do personagem Doutor Mimoso pode ser depreendida como positiva ou negativa.





19ª QUESTÃO
Leia o fragmento a seguir e responda ao que se pede.
"Mas era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. Os dois animais louros. A mulher desviou os olhos da jaula,
onde só o cheiro quente lembrava a carnificina que ela viera buscar no Jardim Zoológico. Depois o leão passeou enjubado
e tranqüilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas estendidas a cabeça de uma esfinge. 'Mas isso é amor, é amor
de novo', revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio, mas era primavera e os dois leões se tinham
amado. Com os punhos nos bolsos do casaco, olhou em torno de si, rodeada pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas fechadas.
Continuou a andar. Os olhos estavam tão concentrados na procura que sua vista às vezes escurecia num sono, então ela se
refazia como na frescura de uma cova.
Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas. Com a tola inocência do que é grande, leve e sem culpa. A
mulher do casaco marrom desviou os olhos, doente, doente. Sem conseguir — diante da aérea girafa pousada, diante
daquele silencioso pássaro sem asas — sem conseguir encontrar dentro de si o ponto pior de sua doença, o ponto de ódio,
ela que fora ao Jardim Zoológico para adoecer."
LISPECTOR, Clarice. O búfalo. In: Laços de família
Agora responda:
a) Qual é a história narrada no fragmento?
b) Em relação à história, o que diferencia o texto de Clarice Lispector das narrativas tradicionais?


20ª QUESTÃO
O que vem a ser o estilo intimista, típico da ficção de Clarice Lispector?



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