OBSERVAÇÕES:
- Faça as 20 QUESTÕES em folha de papel OFICIO ou ALMAÇO, com caneta AZUL ou PRETA, escrito a mão, copiando PERGUNTAS e RESPOSTAS.
- Identifique seu trabalho com NOME, NUMERO, SÉRIE, TURMA.
- A DATA DE ENTREGA é 25/03/2013, SEGUNDA-FEIRA, diretamente ao PROFESSOR da sua turma (Dênia e Sandra)
O
RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
– O
meu nome é Severino,
não
tenho outro de pia.
Como
há muitos Severinos,
que
é santo de romaria,
deram
então de me chamar
Severino
de Maria:
como
há muitos Severinos
com
mães chamadas Maria,
fiquei
sendo o da Maria
do
finado Zacarias.
Mas
isso ainda diz pouco:
há
muitos na freguesia,
por
causa de um coronel
que
se chamou Zacarias
e
que foi o mais antigo
senhor
desta sesmaria.
Como
então dizer quem fala
Ora
a Vossas Senhorias?
Vejamos:
é o Severino
da
Maria do Zacarias,
lá
da serra da Costela,
limites
da Paraíba.
Mas
isso ainda diz pouco:
se
ao menos mais cinco havia
com
nome de Severino
filhos
de tantas Marias
mulheres
de outros tantos,
já
finados, Zacarias
vivendo
na mesma serra
magra
e ossuda em que eu vivia.
Somos
muitos Severinos
iguais
em tudo na vida:
na
mesma cabeça grande
que
a custo é que se equilibra,
no
mesmo ventre crescido
sobre
as mesmas pernas finas,
e
iguais também porque o sangue
que
usamos tem pouca tinta.
E
se somos Severinos
iguais
em tudo na vida,
morremos
de morte igual,
mesma
morte Severina:
que
é a morte de que se morre
de
velhice antes dos trinta,
de
emboscada antes dos vinte
de
fome um pouco por dia
(de
fraqueza e de doença
é
que a morte Severina
ataca
em qualquer idade,
e
até gente não nascida).
Somos
muitos Severinos
iguais
em tudo e na sina:
a
de abrandar estas pedras
suando-se
muito em cima,
a
de tentar despertar
terra
sempre mais extinta,
a
de querer arrancar
algum
roçado da cinza.
Mas,
para que me conheçam
melhor
Vossas Senhorias
e
melhor possam seguir
a
história de minha vida,
passo
a ser o Severino
que
em vossa presença emigra.
1ª
QUESTÃO
No
texto 1, o eu lírico aponta várias formas de identificação.
a)
Por quê?
b)
Destaque os dois versos que indicam que não adianta tentar dar
outros atributos acerca de si
próprio.
c)
Explique a expressão destacada em “morrendo de morte igual / mesma
morte severina”
2ª
QUESTÃO
Em
determinado trecho do texto, há uma visão metafórica do espaço
físico, evidenciando
características dos nordestinos. Indique os
versos em que essa transposição de atributos está
explícita.
3ª
QUESTÃO
Sim,
o melhor é apressar
o
fim desta ladainha,
fim
do rosário de nomes
que
a linha do rio enfia;
é
chegar logo ao Recife,
derradeira
ave-maria
do
rosário, derradeira
invocação
da ladainha,
Recife,
onde o rio some
e
esta minha viagem se fina
Sabendo-se
que o Recife é onde a viagem “se fina”, trace a trajetória do
retirante e o que ele encontrou pela
frente no ambiente físico.
4ª
QUESTÃO
Explique
o significado de “a linha do rio enfia” e “o rio some”.
5ª
QUESTÃO
Complete
as frases com as preposições adequadas, contraindo-as
quando
for necessário.
a.
O salão nobre da mansão é destinado (/) grandes recepções.
b.
As visitas (/) prédios antigos e (/) casas coloniais são
acompanhadas
por guias especializados.
c.
Serão abertas (/) público as farmácias homeopáticas tão
esperadas
(/)
população.
d.
A presença (/) crianças (/) grupos escolares é comum no Instituto
Butantã.
e.
Poucos se preocuparam com a ampliação (/) atividades culturais.
f.
Os alunos empolgaram-se com a discussão (/) temas abolicionistas.
g.
O objetivo das pesquisas é relacionar o aumento (/) desidratação
(/)
crescimento da miséria brasileira.
h.
Uma das coisas que mais respeito (/) alguém é a sua coerência, o
fato
(/) fazer na vida tudo que é compatível (/) suas ideias.
i.
A maioria das crianças brasileiras é propensa (/) doenças
infecciosas.
j.
Aquela senhora foi atenciosa (/) as visitas.
k.
Qualquer sistema democrático é preferível (/) autoritarismo.
l.
Os temas (/) livro eram filosóficos.
m.
Não estávamos aptos (/) exercer o cargo.
n.
Estávamos ansiosos (/) chegada do Natal.
o.
Este é o preço estabelecido (/) a passagem de ônibus.
p.
A descrição das florestas e igarapés era feita (/) beleza e
poesia.
6ª
QUESTÃO
Identifique
as frases em que ocorre regência nominal inadequada e
corrija-as.
a.
Ele, deitado na cama, estava alheio a tudo; mesmo assim
abracei-o.
b.
Apesar de toda a comemoração em sua homenagem, ainda era
necessária
a confirmação de sua presença.
c.
Aquela área de terra pertencia-lhe havia muito tempo e isso era o
bastante
para não colocarem dúvidas sobre o seu direito de
propriedade.
d.
Aquele homem, embora já tivesse perdido muito dinheiro, era
constante
do vício de jogar.
e.
O prejuízo causado pelo incêndio de ontem à noite foi análogo
ao
do ano passado.
f.
Às vezes é preferível ficar em casa do que viajar.
g.
A sua falta na prova foi justificada.
h.
Álvares de Azevedo foi contemporâneo com a época de Junqueira
Freire
e Fagundes Varela.
7ª
QUESTÃO
Dê
o significado dos verbos destacados nas frases.
a.
O Exército chamou os jovens rapazes.
b. Chamavam o
jogador de Cestinha.
c. Chamavam ao
jogador de Cestinha.
d.
Eu queria um livro de Gramática.
e.
Eu quero aos meus pais.
f.
As enfermeiras assistiam os doentes com dedicação.
g.
Os turistas assistiram a apresentações folclóricas
na Bahia.
h. Assistia ao
advogado de defesa o direito à palavra.
i.
O jogador visou as traves e chutou a bola certeira.
j.
Tudo o que fazia era visando à tranquilidade dos
pais.
k.
O gerente do banco visou o cheque.
l.
Na primavera, aspiramos o perfume das flores.
m.
Há homens que aspiram ao poder pela força.
n. Custou aos
alunos entender aquele exercício.
o.
A aquisição do imóvel custou -nos muito trabalho.
p.
Sua argumentação referente à falta de leite não procede.
q.
Muitos problemas de saúde procedem de má
alimentação.
r.
O organizador da exposição procedeu à entrega das
medalhas.
s.
A escola atual atende às reais necessidades das
crianças e dos
jovens
brasileiros?
t.
Com jeito, a garota acabou atendendo ao pedido do
namorado.
u.
O prefeito atendeu muito bem os repórteres.
v.
O helicóptero precisou o local onde o avião havia
caído.
w. Precisamos de
tempo para recompor nossas economias.
8ª
QUESTÃO
Retire
os verbos destacados no exercício anterior e classifique-os de
acordo com o seu significado em: intransitivo, transitivo direto,
transitivo
indireto, transitivo direto e indireto.
Modelo:
a.
Chamar — sentido de convocar — verbo transitivo direto
b.
Chamar — sentido de denominar — verbo transitivo direto
c.
Chamar — sentido de denominar — verbo transitivo indireto
9ª
QUESTÃO
Complete.
Observando
os diferentes significados e as diferentes regências dos verbos
no exercício anterior, conclui-se que esses verbos alteram o significado
conforme (/).
Reveja
na parte teórica os verbos destacados abaixo. Informe suas
peculiaridades.
Modelo:
Não me lembrei de desligar o ferro.
lembrar-se:
pronominal — verbo transitivo indireto
Esqueci
o material de Língua Portuguesa.
esquecer:
não pronominal — verbo transitivo direto
a.
Vera lembrou-se do aniversário de Fernando.
b. Esqueci-me
de comprar papel higiênico.
c. Lembrei o
nome daquela cantiga folclórica.
d.
Lígia esqueceu as sandálias na praia.
e.
Já pagamos todas as nossas dívidas.
f.
Você já pagou ao tintureiro?
g.
Eles pagam baixos salários aos boias-frias.
h.
Nossos credores perdoaram nossas dívidas.
i.
Há pais que não perdoam aos filhos.
j.
A firma não perdoou a dívida aos credores.
k. Agradecemos os
favores recebidos.
l.
Já agradeceram aos vizinhos?
m.
Você já agradeceu a seu pai o presente?
10ª
QUESTÃO
O
generoso e divertido companheiro de crônicas
Conheci
Marcos Rey há mais de vinte anos, quando sonhava tornar-me
escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia
Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois,
ela me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era O RAPTO
DO GAROTO DE OURO, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as
teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a montagem
dependia da aprovação do autor. Quando adolescente, eu ficara
fascinado com MEMÓRIAS DE UM GIGOLÔ, seu livro mais conhecido.
Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma figura pomposa,
em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando
apertei a campainha. Fui recebido por Palma, sua mulher. Um homem
gordinho e simpático entrou na sala. Na época, já sofria de uma
doença que lhe dificultava o movimento das mãos e dos pés.
Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que nem consegui dizer
"boa-tarde". Gaguejei. Mas ele me tratou com o respeito que
se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me.
Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz dois
anos. Muito do que sou hoje devo ao carinho com que me recebeu
naquele dia.
(WALCYR
CARRASCO, PÁG. 98 - VEJA SP, 14 DE ABRIL, 1999.)
Justifique
o uso do sinal de crase em à, no trecho destacado.
11ª
QUESTÃO
Antes
de começar a aula - matéria e exercícios no quadro, como muita
gente entende -, o mestre sempre declamava um poema e fazia vibrar
sua alma de tanta empolgação e os alunos ficavam admirados. Com a
sutileza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética mesclada
ao ritmo, à melodia e a própria sensibilidade artística.
Um verdadeiro deleite para o espírito, uma sensação de paz,
harmonia.
(Osório, T. Meu querido professor. "Jornal Vale
Paraibano", 15/10/1999.)
a)
Qual a interpretação que pode ser dada à ausência da crase no
trecho "a própria sensibilidade artística"?
b)
Qual seria a interpretação caso houvesse a crase?
12ª
QUESTÃO
Entre
as formas A, AS, À, ÀS, HÁ, HÃO, FAZ, FAZEM, escolha as que
completam corretamente a frase abaixo.
________
seis meses fomos ________ Bahia. Chegamos ________ cidade de Salvador
sábado, ________ dezesseis horas. Domingo, dirigimo-nos ________
Itabuna, que fica ________ 454 quilômetros da capital. Nestas
férias, pretendemos ir ________ Curitiba, ________ Florianópolis e
________ capital do Rio Grande do Sul.
13ª
QUESTÃO
Leia
atentamente o poema em evidência, e a seguir atente-se paras as
questões referentes ao mesmo:
Quando
saio às ruas
Sinto
o que é solidão
Se paro à sombra de uma velha árvore
Fico a pensar se ainda me resta alguma ilusão.
Marina Ferreira
Se paro à sombra de uma velha árvore
Fico a pensar se ainda me resta alguma ilusão.
Marina Ferreira
Em
algumas expressões há o acento indicador da crase, em outras não.
De acordo com os seus conhecimentos no que se refere a este fato
linguístico, justifique as ocorrências.
14ª
QUESTÃO
Ao
adentrar em uma empresa, Paulo deparou-se com um cartaz, no qual
havia os seguintes dizeres:
Proibido
à entrada de funcionários por este local
Dirija-se a direita e seja bem vindo!
À Direção
Dirija-se a direita e seja bem vindo!
À Direção
Tomando
como ponto de partida os pressupostos teóricos relacionados à
gramática, analise-os no intuito de detectar possíveis “desvios”
quanto ao discurso apresentado. No caso de alguma ocorrência
positiva, procure justificá-la.
15ª
QUESTÃO
EMERGÊNCIA
Mário Quintana
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
– Por isso é que os poemas têm ritmo
— para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
Mário Quintana
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
– Por isso é que os poemas têm ritmo
— para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.
AGOSTO
1964
Ferreira Gullar
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
– Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
– que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
– mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
– do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira
Ferreira Gullar
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
– Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
– que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
– mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
– do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira
In:
MORICONI, Italo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 117 e 267.
Com
base na leitura dos poemas Emergência, de Mário Quintana, e Agosto
1964, de Ferreira Gullar, explique a concepção de poesia de cada
sujeito poético e destaque, pelo menos, dois recursos linguísticos
que constituem imagens poéticas de cada texto. Justifique sua
escolha.
16ª
QUESTÃO
(...) Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve.Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar — é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada — erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. (...)(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)
Uma
das principais características da obra de Guimarães Rosa é sua
linguagem artificiosamente inventada, barroca até certo ponto, mas
instrumento adequado para sua narração, na qual o sertão acaba
universalizado.
a)
Transcreva um trecho do texto apresentado, onde esse tipo de
“invenção” ocorre.
b) Transcreva um trecho em que a sintaxe
utilizada por Rosa configura uma variação lingüística que
contraria o registro prescrito pela língua padrão.
17ª
QUESTÃO
Normalmente,
na construção de um texto, é comum um pronome recuperar um
elemento anterior, como em “Fome Zero, abrace essa causa!” No
trecho de Guimarães Rosa, há uma situação oposta, em que o
elemento recuperado aparece depois do pronome.
a) Identifique essa situação.
b) Construa uma outra frase que repita esse tipo de situação.
a) Identifique essa situação.
b) Construa uma outra frase que repita esse tipo de situação.
18ª
QUESTÃO
UAI,
EU?
Se
o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar
minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água.
No engano sem desengano: o de aprender prático o desfeitio da vida.
Sorte?
A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz
mágica. Ainda maiseu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que
isso se deu, o que quando, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah,
que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons maus-tempos! Eu
trabalhava para um senhor Doutor Mimoso.3 Sururjão, não; é
solorgião. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo - de
calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor,
lençol e colcha, bom mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito
mingau adoçado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por
fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos,
imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir
ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no
quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela -
prontos para qualquer aurora.4 Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou
eu atrás, com a maleta dos remédios e petrechos, renquetrenque,
estudante andante. Pois ele comigo proseava, me alentando,
cabidamente, por norteação - a conversa manuscrita. Aquela conversa
me dava muitos arredores. Ô homem! Inteligente como agulha e linha,
feito pulga no escuro, como dinheiro não gastado. Atilado todo em
sagacidades e finuras - é de "fimplus"! "de
tintínibus"... - latim, o senhor sabe, aperfeiçoa... Isso,
para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem. (ROSA,
João Guimarães. "Tutaméia: terceiras estórias". Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1985.)
NO
MEIO DO CAMINHO
No
meio do caminho tinha uma pedra
tinha
uma pedra no meio do caminho
tinha
uma pedra
no
meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Reunião". Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.)
Na estrutura tradicional de um texto narrativo, uma das atribuições
do narrador é nos dar informações a respeito dos personagens.
a)
O narrador onisciente é aquele que sabe tudo sobre todos os
personagens e suas ações; o narrador-personagem conta a história e
dela participa.Identifique o tipo de narrador do texto de Guimarães
Rosa e explique, com uma ou duas frases completas, como esse tipo de
narrador nos conduz a ver os personagens e a situação em que se
encontram.
b) Considerando a descrição que o narrador faz do
personagem, justifique, com uma frase completa, se a imagem do
personagem Doutor Mimoso pode ser depreendida como positiva ou
negativa.
19ª
QUESTÃO
Leia
o fragmento a seguir e responda ao que se pede.
"Mas
era primavera. Até o leão lambeu a testa glabra da leoa. Os dois
animais louros. A mulher desviou os olhos da jaula,
onde
só o cheiro quente lembrava a carnificina que ela viera buscar no
Jardim Zoológico. Depois o leão passeou enjubado
e
tranqüilo, e a leoa lentamente reconstituiu sobre as patas
estendidas a cabeça de uma esfinge. 'Mas isso é amor, é amor
de
novo', revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio
ódio, mas era primavera e os dois leões se tinham
amado.
Com os punhos nos bolsos do casaco, olhou em torno de si, rodeada
pelas jaulas, enjaulada pelas jaulas fechadas.
Continuou
a andar. Os olhos estavam tão concentrados na procura que sua vista
às vezes escurecia num sono, então ela se
refazia
como na frescura de uma cova.
Mas
a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas. Com a tola
inocência do que é grande, leve e sem culpa. A
mulher
do casaco marrom desviou os olhos, doente, doente. Sem conseguir —
diante da aérea girafa pousada, diante
daquele
silencioso pássaro sem asas — sem conseguir encontrar dentro de si
o ponto pior de sua doença, o ponto de ódio,
ela
que fora ao Jardim Zoológico para adoecer."
LISPECTOR,
Clarice. O búfalo. In: Laços de família
Agora
responda:
a)
Qual é a história narrada no fragmento?
b)
Em relação à história, o que diferencia o texto de Clarice
Lispector das narrativas tradicionais?
20ª
QUESTÃO
O
que vem a ser o estilo intimista, típico da ficção de Clarice
Lispector?